Espaço Literário

Veias, artérias e vasos capilares pulsam nos pulsos direitos e esquerdos de todas as pessoas. A corrente sanguínea atravessa bifurcações e carrega oxigênio, sopro quente, a todos os dedos que, agrupados em torno de certos objetos, formam símbolos conhecidos como letras ou, na intimidade, pequeninos signos da alma.

É desse ofício que nascem histórias, tramas que invadem todos os universos, maravilhas irreais que deslumbram de verdade os leitores. Ficção é a mentira que te faz acreditar, confiar em hipogrifos e metamorfos, chorar por extraterrestres, amar assassinos e prostitutas. A literatura não floreia a realidade, simplesmente a deixa escrita dentro de cada um, com as canduras e malícias próprias a cada coisa e ser existentes.

Seguindo os passos livres do fazer literário, um espaço se faz, ressurge, brota e finca suas pernas dentro de um espaço ainda maior. A literatura pede passagem e toma emprestado o megafone, não para alertar, informar ou prestar um serviço prático à comunidade, mas para poetar baixinho e entrar suave, eriçando os cabelos do peito e fazendo almas cantarem; para fazer sentir sem entrar em contato, para humanizar.

O espaço se adornará e se recheará da literatura em todas as suas caras e tamanhos. As palavras corriqueiras e críticas das crônicas, os enredos fabulescos e subjetivos dos contos, o lirismo desnudado e libertador da poesia. Tudo feito pela inspiração, esmero e vontade de jovens estudantes de ilustrarem o mundo através das palavras. Adolescentes que não querem apenas voz, mas também anseiam por amplificar suas percepções e serem lidos. Gente que sabe fazer cada palavra sair de si e gritar aos olhos que percorrem o texto, entrar pelas vistas e viajar pelo sangue. Explodir o peito e massagear o espírito. Fazer como se seu instrumento de escrita não fosse um mero lápis, uma caneta mordida ou um teclado afundado, mas dezenas de mega-fones prontos para fazerem você ser ouvido.

Fernando Ananias

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