Este ano o grupo de teatro da Escola SESC, Elettrone, está montando a Ópera do Malandro, do Chico Buarque. O texto, que foi censurado durante a ditadura militar, pois traz à tona uma crítica à sociedade, agora está ganhando um tempero nosso. Entrevistamos a professora de teatro e diretora do espetáculo, Luiza da Silveira, para conhecermos um pouco mais sobre este projeto.
Como foi a escolha do texto?
Na verdade, escolhi primeiro Chico Buarque. Queria muito que a obra dele fosse reverenciada pela escola, assim fiquei em dúvida entre duas obras: “Gota d’água” e “Ópera do malandro”. Escolhi a ópera por ser mais divertida e menos dramática do que a outra peça. Apesar de tratar de um universo à margem da sociedade e dos personagens não terem vergonha de mostrar suas mazelas e imperfeições, creio que a digestão é mais fácil para o público escolar.
O texto aborda temas interessantes para serem discutidos no âmbito escolar. Existem planos de trabalhar ele em outras disciplinas?
A peça acontecerá dentro da Escola Aberta e faz parte da programação de Literópolis, porém, antes das apresentações, gostaria de criar encontros com outras disciplinas para tratar de questões que o texto aponta como: a 2ª guerra mundial e seu reflexo no Brasil, a entrada de produtos estrangeiros e o consumo destes pela sociedade, a prostituição, a corrupção, o esmagamento das classes mais baixas da sociedade, entre outros.
O texto será alterado ou cortado?
O texto sofrerá alterações, sim. Ainda não fiz os cortes necessários, mas eles virão!
Quem são os atores do elenco e como se definiu a personagem de cada um?
Os atores são os que compõem a Cia de teatro da escola, alunos que caminham ao meu lado desde o início. Quanto aos personagens, eu parti da observação e do que já conhecia de cada um, mas na verdade não fui eu que escolhi os atores, e sim os personagens que escolheram aqueles que emprestarão o corpo para lhes darem vida.
A produção da peça está acontecendo a todo vapor. Como está esse processo?
Nosso processo de criação e construção da peça e dos personagens parte sempre da questão corporal. É do corpo para a fala, de dentro para fora. Parte muito da intuição e do desejo corporal que o personagem tem. Como isso se expressa ou pode se expressar corporalmente. Assim eles criam suas partituras de movimento buscando sempre os gestos essenciais para sua comunicação. O que é excesso fica fora.
A Ópera do malandro é um musical, logo terá dança. Além disso, tem cenário e figurino. Quem está nessa produção?
Teatro não se faz sozinho. Esse ano, os professores de música, dança e artes plásticas vieram para temperar nossa produção. Mantemos encontros para trocar experiências e idéias e a afinação está muito boa. É um projeto da Escola SESC!
Já se sabe detalhes sobre a apresentação, como data, local?
Apresentaremos na Escola Aberta, de quinta a domingo. Nosso palco será a biblioteca, que mais uma vez nos acolhe com muito carinho e disposição. É a primeira vez que teremos uma pequena temporada de peça. Era um desejo meu que esse ano se realizará. É muito boa a oportunidade de estar em cena mais de uma vez e perceber como o teatro é vivo e dinâmico. Um dia nunca é igual ao outro!
Expectativa?
Não gosto muito de expectativa, pois ela pode vir acompanhada de frustração. Acredito no processo e do que faremos dele.
Por fim a pergunta que não quer calar: o Chico vem?
Chico virá, sem dúvida! Se não for em carne e osso, será em poesia. Sua poesia e sensibilidade preencherão todos os espaços dessa escola.
Emerson Cursino
Ai, que legal!!! Pena que isso só acontecerá agora, que já não estou aí para curtir! Saudades da escola e de todos estes eventos!! Parabéns aos artistas!
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